Da Roça à Avenida: Escola de Samba Unidos do Roçado de Dentro (ESURD)

Por: Denilson Rodrigues e Paloma Oliveira

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A repórter Aline Fiuza nos leva até Várzea Alegre pra conhecer a Escola de Samba Unidos do Roçado de Dentro (ESURD). Surgida em 1963, a instituição não só representa uma forte manifestação cultural, mas também transforma a comunidade na qual está plantada. Projetos sociais, como aulas de música e computação e a contribuição para o desenvolvimento artístico dos seus integrantes, são marcas da escola. Além disso, a ESURD atua em outras manifestações culturais.

Desfilar no carnaval exige uma grande preparação financeira e técnica. A produção começa cerca de dois meses antes, com ensaios e compras de materiais. Em conjunto, vem a realização de eventos para arrecadação de fundos e os "corre" atrás de patrocinadores e recursos da prefeitura. Na ESURD, todos podem participar das crianças aos idosos, não há idade para a folia.

Em 2021, devido à pandemia, o desfile foi cancelado, a ESURD apresentou sua história em uma live. Com o passar do tempo, a equipe ficou cada vez mais reduzida e dependendo da participação de voluntários para realizar o desfile de carnaval e outras atividades. “Tudo isso precisava de alguém para liderar. Porque a gente se dedica muito ao carnaval e às vezes esquece dessa parte de projetos sociais. Já que tem um espaço desse e tem a possibilidade de muitas pessoas aprenderem, era só ter alguém disponível para organizar”, destaca Marta Alves, 34, agricultora e filha de alguém que lutou pelo engajamento de mulheres e jovens na bateria, o Mestre Tim.

A ESURD tornou-se um símbolo da cultura nacional e patrimônio de Várzea Alegre. A escola estampou matérias em importantes jornais e foi retratada, em 2011, no livro “Unidos do Roçado”, de Beatriz Jucá. Sua tradição é mantida com a participação de agricultores da comunidade, geradores de resistência, que lutam pela preservação das tradições do Roçado de Dentro. Ela é fundamental para a cultura da cidade, preservando tradições populares e servindo como ponto de cultura do Ceará.

Para o futuro, o desejo dos membros é unânime: continuar a história da ESURD. Por isso, as novas gerações do Roçado são incentivadas por suas famílias a participarem do desfile, a fim de manter viva a trajetória da instituição. “Aquilo que hoje eu tenho gosto de contar, daqui a alguns anos serão os mais novos contando para os que vem. E espero que eles tenham vivido também para contar. Cada época vai acompanhando as transformações da sociedade. Sempre mudando e graças a Deus até hoje não teve mudanças para pior”, anseia Tonha, 71, irmã do Mestre Tim. É o amor pelo Roçado de Dentro, pela tradição do carnaval e pelos fundadores que motiva a escola de samba a resistir ao tempo e a continuar presente na cultura local. A ESURD conseguiu deixar sua marca através da superação de dificuldades e preconceitos.

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