Sempre cabe mais um: Bloco Cabeção
- memoriaskariri
- 23 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Por Denilson Rodrigues e Paloma Oliveira
Nos anos 1960, Zé Quarenta, Pascoal Estropelio e Brasil fundaram o bloco Cabeção em Brejo Santo para alegrar a cidade. A tradição continua até hoje, com Hermano Cavalcante, que cresceu no bloco, e Ruy Eudes, músico e compositor. O bloco teve patrocínios, mas caiu no esquecimento, sendo retomado quando Rato, Valdênio e Tomé. Ruy, Paulinho e Raí Neto começaram a fazer música em 2005, com um cavaquinho, um violão e uma caixa de som. O Cabeção é um bloco de carnaval de rua democrático, sem fins lucrativos, onde todos brincam juntos. Embarque nessa viagem que nos leva até Brejo Santo pela repórter Sarah Frutuoso.

O nome Cabeção veio de uma bacia de água com caveira de boi usada para assustar crianças no carnaval. Uma armação de alumínio com cabeça grande e corpo pequeno, vestida com o paletó do professor José Teles, deu origem ao bloco.
O Cabeção muda anualmente seu estandarte, podendo ter chifre, cartola ou coroa. Homenagens a personalidades e estabelecimentos locais também são comuns. Em 2020, o chifre foi utilizado em homenagem ao aniversário de 60 anos do bar Caldeira do Inferno.
“Quando a gente recomeçou em 2005, saíam de 100 a 200 pessoas, hoje a gente calcula seis mil pessoas. O Cabeção não tem CPF nem CNPJ, ele é um bloco informal até hoje, não é uma pessoa física e nem jurídica, não tem documento nem herança”, afirma Ruy, comerciante e também amante da música.
“Músico só tem Ruy, Raí Neto e Paulinho, que inclusive sempre fizeram parte da banda”, destaca Hermano, 55, servidor público. Segundo Ruy, no início, eram os três, mas atualmente a banda tem outros membros, como Samuel no contrabaixo, Regis na guitarra, David e Paulinho como cantores, além dos metais e batucada. A banda conta com Adir Neto como maestro, Luquinhas e Agledson no saxofone, e Michel, Idel Fontes, Sinhô, Gil Bila e William nos pratos. Ao todo, são cerca de 13 a 15 componentes.
Ruy compôs uma música sobre a pandemia, que fala sobre os cuidados necessários para se prevenir do coronavírus. Ele também criou outra música sobre o Cabeção, misturando diversos estilos musicais, como frevo, baião, xote e seresta. Ele destaca que as ideias para suas músicas surgem de forma espontânea, em momentos inusitados, como durante uma caminhada ou durante o banho.
Hermano fala que o bloco Cabeção influencia a cultura de Brejo Santo através de apresentações em escolas e investimentos da prefeitura na estruturação do carnaval de rua. O bloco serve de inspiração para outras pessoas criarem seus próprios blocos. Ruy acrescenta que o Cabeção sintetiza o carnaval de Brejo Santo e antes existia o carnaval na praça, onde o bloco fazia parte do trajeto e havia um banho do folião com uma banda esperando, que durava o dia todo.
Para Ruy, o Cabeção é uma parte importante da vida dele, onde se realiza como cantor e compositor. Já para Hermano, o bloco é uma realização por botá-lo na rua e fazer a alegria do povo. “Eu queria é que chegasse gente nova, com responsabilidade, não é só querer brincar, a gente mais trabalha do que brinca, mas faz o que gosta. Tem que ver a coisa com amor pra fazer crescer mais do que a gente já deixou”.
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