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Território quilombola de Potengi - CE

  • Foto do escritor: memoriaskariri
    memoriaskariri
  • 8 de jul. de 2024
  • 2 min de leitura

Por Abiana Campos e Gabriela Lopes


Parido no Cariri Oeste, Potengi é um ventre ancestral de comunidades quilombolas. Seus caminhos levam aos encantamentos de quilombos que relatam a história dos negros no Ceará.


Os remanescentes quilombolas evidenciam que se faz necessária uma política de desenvolvimento sustentável para povos e comunidades tradicionais. Catolé, Carcará e Sassaré são provas de que a estrutura do racismo continua presente nas comunidades rurais negras. O desafio do direito à terra para as comunidades rurais quilombolas resulta em perseguição, exploração e desigualdade quando o discurso se volta para a invasão, ao invés de um direito assegurado.



Assim, brincadeiras, danças e músicas se apresentam como forma de resistência. O toré, um ritual que mescla a cultura negra com a indígena, se volta para o ensinamento de que a ancestralidade é um dos principais meios de demonstração do aquilombamento cultural do espaço. São as mulheres que movem o quilombo: desde os encontros até a organização das terreiradas. Elas carregam as instruções que hoje revivem não só nas cantigas e nos movimentos mas também na educação de toda a população. Dessa forma, o imaginário social das crianças é direcionado para a história e o retorno às suas raízes.


Para combater o discurso que nega os direitos das populações negras no Cariri cearense, surgiu o Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec). Esta organização sem fins lucrativos foi fundada em 2001, a qual busca combater o racismo e promover a diversidade. Para isso, a entidade busca por políticas públicas e promove atividades que promovem a inclusão das comunidades negras rurais e outros grupos minoritários. A inspiração surgiu de uma conferência realizada pela Organização das Nações Unidas, nesse mesmo ano, num período em que as questões raciais eram pouco discutidas na região do Cariri. O trabalho do Grunec é fundamental para que seja construída uma sociedade mais igualitária para todos.


O quilombo não é apenas o seu conceito histórico de fuga e nem deve ser lembrado apenas como tal: é um espaço geográfico que insere grandezas e riquezas do solo sagrado. Nele, a vida é o princípio, assim como o contato com o chão, que traz humildade e possibilidade de reinventar histórias, fazendo delas uma continuidade recorrente. O pesquisador potengiense Francisco Ytalo de Lima Silva percebeu o quilombo como um espaço que se transforma diariamente na cultura e na educação, sendo imprescindível que seus moradores contem suas próprias narrativas.


 
 
 

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